A Essência da Emigração Portuguesa: Uma Conversa Inspiradora com Daniel Bastos
Neste cativante episódio de "Sentir Pensar E Agir", somos convidados por Romulo Avila a mergulhar numa conversa profunda e esclarecedora com Daniel Bastos, um homem cujo percurso profissional e pessoal se entrelaça indissociavelmente com a defesa e valorização da língua, da cultura e, acima de tudo, das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Filmado no emblemático espaço dos pioneiros portugueses em Toronto, este episódio é mais do que uma entrevista; é uma celebração da identidade, da história e do futuro da portugalidade.
Daniel Bastos, com a sua paixão visível e eloquência, começa por desmistificar a figura de Camões, elevando-a de mero símbolo literário a um ícone da "portugalidade" viva, encarnada nos nossos emigrantes. Para ele, estar nos estúdios da Camões TV e Rádio, ou nas páginas do Milénio, é verdadeiramente como regressar a casa, um "cantinho genuíno de Portugal" que ecoa a saudade e o orgulho de uma diáspora vibrante. Esta percepção íntima da comunidade é a ponte para uma das ideias centrais da conversa: a comparação dos nossos emigrantes com os grandes navegadores do século XVI. Tal como os "argonautas" desvendaram "novos mundos ao mundo", os emigrantes de hoje continuam essa epopeia, explorando novas realidades e contribuindo de forma inestimável para a afirmação de Portugal na economia, cultura e língua a nível global. Eles são, sem dúvida, os nossos mais autênticos embaixadores, tecendo uma tapeçaria rica de interconexões culturais e económicas por todo o planeta.
No entanto, a conversa não se furta aos desafios contemporâneos da imigração. Daniel Bastos, com uma perspetiva acutilante, aborda a complexidade da situação atual de Portugal, que, apesar de ser um país de emigrantes (muitos deles jovens e altamente qualificados, em busca de melhores salários na Europa do Norte), é também, crescentemente, um país que acolhe. A importância das comunidades imigrantes, como a brasileira, para a dinamização da economia e o rejuvenescimento demográfico do país, é sublinhada com clareza. Contudo, Daniel faz questão de condenar veementemente o discurso anti-imigração, classificando-o como "sem sentido" e desprovido de base factual. Num país com uma história de emigração tão rica, temos um "dever de memória" e a responsabilidade de acolher e integrar aqueles que nos procuram, evitando replicar o que não desejamos para os nossos próprios concidadãos no estrangeiro. É uma mensagem de humanidade e reciprocidade que ressoa profundamente.
O episódio também se debruça sobre a juventude e os desafios da era digital. Daniel refuta a ideia de uma "juventude perdida", mas alerta para a necessidade urgente de desenvolver o espírito crítico numa sociedade saturada de informação instantânea e nem sempre fiável. A escola, neste contexto, tem um papel insubstituível, mas enfrenta as suas próprias batalhas, desde a falta de professores à desvalorização de disciplinas fundamentais como a Filosofia e a História, cruciais para a formação de cidadãos conscientes e pensantes. A sua análise sobre o populismo, alimentado pela facilidade das redes sociais e pela falta de discernimento, é um ponto alto que nos convida à reflexão.
A dimensão pessoal de Daniel Bastos é igualmente fascinante. Definindo-se como um "homem com H grande", um homem "realizado" pela família, pelo ensino e pela paixão de viajar e contactar com as comunidades portuguesas, ele partilha a sua admiração pelo "caráter genuíno" dos nossos emigrantes, a sua coragem e a sua capacidade de conquistar oportunidades em terras longínquas. O simbolismo de ver crianças, algumas nem sequer lusófonas, a envergar a camisola da seleção portuguesa em Toronto, reforça a universalidade da nossa cultura, impulsionada em grande parte pelo futebol e pelo fenómeno Cristiano Ronaldo.
Por fim, Daniel Bastos apresenta a sua vasta obra literária, focada na história da imigração portuguesa. Desde os primeiros trabalhos com o fotógrafo Gérard Lopes, que retratou a vida nos "bidonvilles" parisienses, até ao seu mais recente projeto, "Monumentos ao Imigrante". Este livro, uma homenagem ilustrada e bilingue, inventaria os monumentos dedicados aos emigrantes em Portugal, cada um contando uma história única de partida e regresso. É um tributo merecido àqueles que moldaram e continuam a moldar a nossa identidade nacional. Daniel expressa o desejo de continuar a contribuir para a formação das novas gerações e para um conhecimento mais aprofundado das comunidades, sublinhando que, para além dos casos de sucesso, existem também os que enfrentam dificuldades, solidão e precariedade – uma realidade que o leva a apoiar iniciativas como o Centro Magalhães em Toronto.
"Um Homem Tranquilo" – o título que Daniel daria a um filme sobre a sua vida – reflete a serenidade e a dedicação às suas raízes e à sua família. Este episódio é um convite irrecusável a sentir, pensar e agir sobre a riqueza da nossa diáspora e o papel de cada português na construção de um futuro mais consciente e inclusivo.
The Essence of Portuguese Emigration: An Inspiring Conversation with Daniel Bastos
In this captivating episode of "Sentir Pensar E Agir" (To Feel, To Think, and To Act), Romulo Avila invites us to delve into a profound and enlightening conversation with Daniel Bastos, a man whose professional and personal journey is inextricably linked to the defense and valorization of the Portuguese language, culture, and, above all, the Portuguese communities scattered across the globe. Filmed in the emblematic space dedicated to Portuguese pioneers in Toronto, this episode is more than just an interview; it is a celebration of the identity, history, and future of Portuguese heritage.
Daniel Bastos, with his visible passion and eloquence, begins by demystifying the figure of Camões, elevating him from a mere literary symbol to an icon of living "Portuguese identity," embodied by our emigrants. For him, being in the Camões TV and Radio studios, or in the pages of Milénio, truly feels like coming home—a "genuine little corner of Portugal" that echoes the longing and pride of a vibrant diaspora. This intimate perception of the community serves as a bridge to one of the central ideas of the conversation: the comparison of our emigrants to the great navigators of the 16th century. Just as the "Argonauts" unveiled "new worlds to the world," today's emigrants continue this epic journey, exploring new realities and contributing immensely to Portugal's affirmation in the global economy, culture, and language. They are, undoubtedly, our most authentic ambassadors, weaving a rich tapestry of cultural and economic interconnections across the planet.
However, the conversation does not shy away from the contemporary challenges of immigration. Daniel Bastos, with a sharp perspective, addresses the complexity of Portugal's current situation. While it remains a country of emigrants (many of them young and highly qualified, seeking better salaries in Northern Europe), it is also, increasingly, a country that welcomes immigrants. The importance of immigrant communities, such as the Brazilian one, for revitalizing the economy and rejuvenating the country's demographics is clearly underlined. Nevertheless, Daniel is keen to strongly condemn anti-immigration rhetoric, classifying it as "senseless" and lacking factual basis. In a country with such a rich history of emigration, we have a "duty of remembrance" and the responsibility to welcome and integrate those who seek us out, avoiding replicating what we do not wish for our own fellow citizens abroad. It is a message of humanity and reciprocity that resonates deeply.
The episode also delves into youth and the challenges of the digital age. Daniel refutes the idea of a "lost youth" but warns of the urgent need to develop critical thinking in a society saturated with instant and not always reliable information. In this context, schools play an irreplaceable role, but they face their own battles, from a shortage of teachers to the devaluation of fundamental subjects like Philosophy and History, which are crucial for shaping conscious and thoughtful citizens. His analysis of populism, fueled by the ease of social media and a lack of discernment, is a highlight that invites reflection.
Daniel Bastos's personal dimension is equally fascinating. Defining himself as a "man with a capital H," a "fulfilled" man due to his family, his teaching career, and his passion for traveling and interacting with Portuguese communities, he shares his admiration for the "genuine character" of our emigrants, their courage, and their ability to conquer opportunities in distant lands. The symbolism of seeing children, some not even Lusophone, wearing the Portuguese national football team jersey in Toronto, reinforces the universality of our culture, largely driven by football and the Cristiano Ronaldo phenomenon.
Finally, Daniel Bastos presents his extensive literary work, focused on the history of Portuguese immigration. From his early works with photographer Gérard Lopes, who portrayed life in the Parisian "bidonvilles" (shantytowns), to his most recent project, "Monuments to the Immigrant." This book, an illustrated and bilingual tribute, inventories the monuments dedicated to emigrants in Portugal, each telling a unique story of departure and return. It is a well-deserved tribute to those who have shaped and continue to shape our national identity. Daniel expresses his desire to continue contributing to the education of new generations and to a deeper understanding of these communities, emphasizing that, beyond success stories, there are also those who face difficulties, loneliness, and precariousness—a reality that leads him to support initiatives like the Magellan Community Foundation in Toronto.
"A Quiet Man"—the title Daniel would give to a film about his life—reflects his serenity and dedication to his roots and family. This episode is an irresistible invitation to feel, think, and act on the richness of our diaspora and the role of every Portuguese person in building a more conscious and inclusive future.
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