Em mais um episódio marcante de Sentir Pensar E Agir, Romulo Avila senta-se com o artista musical Kassio Kruz, numa conversa que é um verdadeiro mergulho na alma de um homem que transformou a luta em arte. Este episódio não é apenas uma entrevista; é um testemunho de resiliência, fé e do amor incondicional às origens e à sua comunidade. Prepare-se para conhecer o "Guerreiro" que se esconde por detrás do brilho dos palcos.

Kassio Kruz abre o livro da sua vida, começando pelo início humilde em Tavira, no Algarve, cantando no coro da igreja e nas galas locais. Ele recorda o momento crucial em que a sua participação no famoso programa "Big Show Sic" o fez perceber que ser artista não era um sonho, mas uma "condição de vida". A partir daí, surge a audácia de um jovem de 23 anos que decide que o Algarve já não basta, obrigando-se a ir para Lisboa, o epicentro das oportunidades da época. Esta fase inicial é marcada pela solidão e determinação. Kassio Kruz revela que, mesmo trabalhando na área da geriatria (com idosos) para se sustentar, nunca perdeu o foco. A sua fé e, sobretudo, a sua inabalável crença nas suas próprias capacidades foram a bússola que o guiou, transformando portas fechadas em degraus. Ele reflete sobre o seu percurso de 25 anos na música, garantindo que a maior lição é que o mais difícil não é subir, mas sim manter uma carreira, exigindo uma aprendizagem contínua até com os fenómenos mais inesperados do panorama musical.

Um dos temas mais fascinantes da conversa é a sua ligação ao projeto de tributo a António Variações, ao qual Kassio Kruz dá voz há 14 anos. Ele aborda as inevitáveis comparações, explicando que a semelhança no timbre ou nos "trajetos" é puramente fortuita. A história é surpreendente: foi contactado por uma empresa que, ao vê-lo na televisão, sentiu que ele já tinha "Variações dentro de si" sem que ele o pretendesse. O seu objetivo nunca foi imitar, mas sim homenagear a obra de Variações com a sua própria essência. É um equilíbrio delicado que Kassio Kruz mantém com sucesso, provando que é possível honrar uma lenda enquanto se afirma uma identidade única.

A vertente pessoal atinge o auge em momentos de grande emoção. Kassio Kruz presta uma sentida homenagem à sua mãe, a quem ele chama a sua "luz". A sua perda inesperada e o desejo que tinha de cuidar dela na velhice criaram uma "culpa" com a qual vive, mas que transforma em motivação, pois sente que cumpriu a promessa de se tornar artista e de a orgulhar. De forma inédita, Kassio Kruz revela um episódio dramático e íntimo da sua infância: ter salvo o seu pai da morte por suicídio por duas vezes. Esta partilha corajosa serve um propósito maior: transmitir aos jovens e artistas em ascensão que, independentemente do sofrimento e das dificuldades, a luta e a crença nos objetivos levam ao sucesso. Ele enfatiza que podia ter enveredado por caminhos destrutivos em Lisboa, mas o seu foco manteve-o sempre na direção certa.

Mas Kassio Kruz é também o "anti-vedeta" que ama interagir com o público. Ele explica porque rejeitou o conselho de se "resguardar", preferindo abraçar e beijar os fãs, vendo nesta conexão a verdadeira riqueza do seu trabalho: a de dar alegria a quem precisa. O seu talento desconhecido de criar as suas próprias roupas de espetáculo, sempre com muito "brilho" para impressionar, e a admiração pela voz de Dulce Pontes como a sua grande referência musical – a quem sonha fazer um dueto – complementam o retrato deste artista multifacetado, com aspirações futuras de gravar discos de fado e folclore.

A sua relação com o Canadá e a comunidade luso-canadiana é de profundo afeto. Ele descreve a Associação Emigrante de Barcelos, e em especial Vitor e Helena, como a sua família no estrangeiro. O carinho é recíproco e manifesta-se no cuidado que Kassio Kruz tem em adaptar o seu repertório, incluindo clássicos do folclore e novas homenagens (como a António Mourão), garantindo que cada espetáculo é único e respeita o gosto musical da diáspora, fazendo-o sentir-se "em casa".

Este episódio de Sentir Pensar E Agir é uma lição de vida sobre como ser-se um artista completo: com talento, sim, mas acima de tudo, com respeito incondicional pela arte, honestidade brutal e um coração de "Guerreiro".

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In another compelling episode of Sentir Pensar E Agir (To Feel, To Think, and To Act), Romulo Avila sits down with musical artist Kassio Kruz for a conversation that is a true deep dive into the soul of a man who transformed struggle into art. This episode isn't just an interview; it's a testament to resilience, faith, and the unconditional love for his origins and community. Prepare to meet the "Warrior" who hides behind the stage's glitter.

Kassio Kruz opens the book of his life, starting with his humble beginnings in Tavira, Algarve, singing in the church choir and local galas. He recalls the crucial moment when his participation in the famous show "Big Show Sic" made him realize that being an artist wasn't a dream, but a "condition of life." From there, the audacity of a 23-year-old emerges, deciding that the Algarve was no longer enough, compelling him to move to Lisbon, the epicenter of opportunity at the time. This initial phase is marked by solitude and determination. Kassio Kruz reveals that even while working in geriatrics (with the elderly) to support himself, he never lost focus. His faith and, above all, his unwavering belief in his own abilities were the compass that guided him, turning closed doors into stepping stones. He reflects on his 25-year career in music, asserting that the biggest lesson is that the hardest part is not climbing, but maintaining a career, which requires continuous learning, even from the most unexpected phenomena in the music scene.

One of the most fascinating topics of the conversation is his connection to the António Variações tribute project, which Kassio Kruz has voiced for 14 years. He addresses the inevitable comparisons, explaining that the similarity in timbre or "trajectories" is purely fortuitous. The story is surprising: he was contacted by a company that, upon seeing him on television, felt he already had "Variações inside of him" without intending to. His goal was never to imitate, but rather to honor Variações' work with his own essence. It’s a delicate balance that Kassio Kruz successfully maintains, proving that it’s possible to honor a legend while asserting a unique identity.

The personal aspect reaches its peak in moments of great emotion. Kassio Kruz pays a heartfelt tribute to his mother, whom he calls his "light." Her unexpected loss and the desire he had to care for her in her old age created a "guilt" he lives with, but which he transforms into motivation, feeling that he fulfilled his promise to become an artist and make her proud. For the first time, Kassio Kruz reveals a dramatic and intimate episode from his childhood: saving his father from death by suicide twice. This courageous sharing serves a greater purpose: to convey to youth and aspiring artists that regardless of the suffering and difficulties, fighting and believing in one's goals lead to success. He emphasizes that his focus always kept him from destructive paths in Lisbon, such as alcohol or bad company.

But Kassio Kruz is also the "anti-star" (anti-vedeta) who loves interacting with the public. He explains why he rejected the advice to "be reserved," preferring to hug and kiss fans, seeing the true wealth of his work in this connection: giving joy to those in need. His unknown talent for creating his own stage clothes, always with plenty of "shine" (brilho) to impress, and his admiration for Dulce Pontes' voice as his greatest musical reference—with whom he dreams of a duet—complete the portrait of this multifaceted artist, who has future aspirations of recording Fado and folklore albums.

His relationship with Canada and the Luso-Canadian community is one of deep affection. He describes the Associação Emigrante de Barcelos, and especially Vitor and Helena, as his family abroad. The affection is reciprocal and manifests in Kassio Kruz's care to adapt his repertoire, including folk classics and new tributes (like to António Mourão), ensuring that every show is unique and respects the musical taste of the diaspora, making him feel "at home."

This episode of Sentir Pensar E Agir is a life lesson on how to be a complete artist: with talent, yes, but above all, with unconditional respect for the art, brutal honesty, and a "Warrior's" heart.

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