MARIA DO ROSÁRIO GASPAR
Featured
•
42m
Neste episódio essencial do Mais do que uma conversa (S03E09), mergulhamos no coração da diáspora lusófona no Canadá com uma convidada notável: Maria do Rosário Gaspar, Coordenadora do Português no Estrangeiro no Canadá, pelo Instituto Camões. Com o título provocador MARIA DO ROSÁRIO GASPAR: A Língua Portuguesa é a Nossa Pátria?, este episódio oferece uma análise profunda, inspiradora e, por vezes, urgente sobre a manutenção, o ensino e o futuro da "Língua dos Afetos" numa das comunidades luso-canadianas mais vastas do mundo.
A conversa começa por desvendar a vocação da própria Maria do Rosário Gaspar. Num momento de grande sinceridade, a Coordenadora partilha a anedota que moldou a sua carreira: o desafio lançado por uma professora no 10.º ano que lhe disse que nunca seria professora, e muito menos de português. Longe de a demover, esta descrença serviu de ignição para uma paixão inabalável pela pedagogia e pela língua. É essa determinação – a de ser uma professora que ajuda e que inspira, em contraste com as suas próprias experiências negativas – que a levou a uma carreira longa e marcada pelo impacto humano. O anfitrião Francisco Pagado explora o lado humano da educadora, questionando o seu legado, e a Coordenadora emociona-se ao partilhar como mantém contacto com ex-alunos, inclusive um caso de sucesso na recuperação de um jovem que seguia um percurso desviante. Esta conexão pessoal sublinha a filosofia de que o ensino é, acima de tudo, um ato de cuidado e humanidade.
A entrevista rapidamente foca-se na realidade complexa da coordenação do ensino da língua portuguesa no Canadá. Maria do Rosário Gaspar celebra o seu primeiro ano no cargo, descrevendo-o como "intenso", mas muito colaborativo, graças ao corpo docente, às associações e à imprensa. No entanto, o tom torna-se mais sério ao abordar os desafios estruturais. O primeiro é a vastidão do Canadá. A Coordenadora manifesta o desejo de estar mais presente em comunidades distantes, como Vancouver, Calgary e Winnipeg, mas a dimensão geográfica torna a presença física impossível, forçando o recurso constante a plataformas digitais.
O desafio mais premente é a crise de angariação de docentes. Maria do Rosário Gaspar revela uma preocupante queda no número de alunos (cerca de 3.700, quando já foram 5.000) e a dificuldade em substituir os professores mais antigos que se reformam. O ensino do português ocorre maioritariamente aos sábados ou ao final do dia, exigindo um "extra" que, não sendo motivado pelo salário, requer uma vocação e paixão extremas. A Coordenadora sublinha que, para o ensino avançar, é crucial abrir as portas a profissionais de diferentes comunidades lusófonas – sejam eles angolanos, brasileiros ou de outras diásporas – desde que cumpram os padrões de qualidade e de formação exigidos pelo Instituto Camões.
Central para o episódio é o apelo direto e veemente aos pais e avós. A Coordenadora luta contra a noção de que os filhos não precisarão do português, pois podem viajar para Portugal como turistas falando inglês. Esta é, para ela, uma ideia "errada" e perigosa, que nega uma ferramenta fundamental aos jovens. O Português é a quarta língua mais falada do mundo, uma língua global de negócios, diplomacia e cultura. Ela insiste: "Falem português em casa. Eles terão tempo de aprender inglês na escola." A língua não é apenas um idioma materno; é uma "Língua de Herança", que carrega consigo a cultura, as tradições e a identidade.
Maria do Rosário Gaspar detalha, também, o papel indispensável do Instituto Camões na garantia da qualidade e continuidade. A instituição não só fornece manuais didáticos adaptados ao ensino como língua de herança, mas também promove a certificação de língua portuguesa. Estes exames (dos níveis A1 ao B1) são cruciais, pois fornecem um diploma reconhecido pelo governo português, facilitando o acesso de jovens luso-canadianos a universidades em Portugal, onde as propinas são significativamente mais baixas. Este é um argumento prático e económico que visa reforçar a atratividade da língua.
O episódio conclui com uma reflexão sobre o legado, a burocracia do sistema escolar canadiano que dificulta a entrada de figuras públicas inspiradoras nas escolas e a eterna questão da identidade. A Coordenadora conclui de forma poderosa, citando Fernando Pessoa: "A minha língua é minha pátria". Este episódio é uma chamada de atenção, um hino à resiliência da diáspora e um testemunho da paixão de quem luta para que a língua portuguesa continue a ser uma ponte entre o Canadá e o mundo lusófono.
Assista a este episódio profundo, MARIA DO ROSÁRIO GASPAR, e descubra como a paixão de uma professora se tornou a missão de uma comunidade.
In this essential episode of Mais do que uma conversa (S03E09), we delve into the heart of the Lusophone diaspora in Canada with a remarkable guest: Maria do Rosário Gaspar, Coordinator of Portuguese Abroad in Canada, representing the Instituto Camões. Bearing the provocative title MARIA DO ROSÁRIO GASPAR: Is the Portuguese Language Our Homeland?, this episode offers a profound, inspiring, and at times urgent analysis of the maintenance, teaching, and future of the "Language of Affections" within one of the world's largest Luso-Canadian communities.
The conversation begins by unveiling Maria do Rosário Gaspar’s own vocational journey. In a moment of great candor, the Coordinator shares the anecdote that shaped her career: a challenge posed by a high school teacher who told her she would never become a teacher, let alone a Portuguese teacher. Far from discouraging her, this skepticism became the catalyst for an unwavering passion for pedagogy and language. It is this determination—to be a teacher who helps and inspires, in contrast to her own negative experiences—that led her to a long career marked by human impact. Host Francisco Pagado explores the human side of the educator, and the Coordinator is moved when sharing how she maintains contact with former students, including a successful case involving the recovery of a young man who had been following a deviant path. This personal connection underscores the philosophy that teaching is, above all, an act of care and humanity.
The interview quickly pivots to the complex reality of coordinating Portuguese language instruction in Canada. Maria do Rosário Gaspar celebrates her first year in the role, describing it as "intense" but highly collaborative, thanks to the teaching staff, associations, and the press. However, the tone becomes more serious when addressing structural challenges. The first is the sheer scale of Canada. The Coordinator expresses a desire to be more present in distant communities like Vancouver, Calgary, and Winnipeg, but the geographic immensity makes physical presence impossible, forcing a constant reliance on digital platforms.
The most pressing challenge is the crisis in recruiting new teachers. Maria do Rosário Gaspar reveals a worrying drop in the number of students (around 3,700, down from a previous high of 5,000) and the difficulty in replacing older teachers who retire. Portuguese classes primarily take place on Saturdays or late evenings, demanding an "extra effort" that, not being motivated by salary, requires extreme vocation and passion. The Coordinator emphasizes that, for the instruction to advance, it is crucial to open the doors to professionals from different Lusophone communities—be they Angolan, Brazilian, or from other diasporas—provided they meet the quality and training standards required by the Instituto Camões.
Central to the episode is the direct and vehement appeal to parents and grandparents. The Coordinator fights against the notion that children won't need Portuguese because they can travel to Portugal as tourists speaking English. This, she argues, is a "wrong" and dangerous idea that denies young people a fundamental tool. Portuguese is the fourth most spoken language globally, a global language of business, diplomacy, and culture. She insists: "Speak Portuguese at home. They will have time to learn English in school." The language is not just a mother tongue; it is a "Heritage Language," carrying culture, traditions, and identity.
Maria do Rosário Gaspar also details the indispensable role of the Instituto Camões in ensuring quality and continuity. The institution not only provides didactic manuals adapted for heritage language instruction but also promotes Portuguese language certification. These exams (from levels A1 to B1) are crucial because they provide a recognized diploma from the Portuguese government, facilitating the access of Luso-Canadian youth to universities in Portugal, where tuition fees are significantly lower. This is a practical and economic argument aimed at reinforcing the language's appeal.
The episode concludes with a reflection on legacy, the bureaucracy of the Canadian school system that hinders inspiring public figures from entering schools, and the eternal question of identity. The Coordinator concludes powerfully, quoting Fernando Pessoa: "My language is my homeland." This episode is a wake-up call, a hymn to the resilience of the diaspora, and a testament to the passion of those who fight to ensure the Portuguese language remains a vital bridge between Canada and the Lusophone world.
Watch this insightful episode, MARIA DO ROSÁRIO GASPAR, and discover how a teacher's passion became a community's mission.
Up Next in Featured
-
International Portuguese Music Awards...
Já começou! Os International Portuguese Music Awards 2025 estão a ser transmitidos em direto na CamoesTV+. Uma noite única que celebra o melhor da música lusófona, com atuações inesquecíveis e homenagens a artistas que elevam a nossa cultura. Não perca este espetáculo vibrante apresentado pela GN...