A jornada artística de Marcos Rui Muge é um convite fascinante a explorar a essência da alma portuguesa, um percurso que o Portugal á Vista tem o prazer de desvendar neste episódio emocionante da sexta temporada (S06E26). Nascido em Ovar em 1968, Marcos Muge é mais do que um artista; é um guardião das tradições, um inovador por natureza e um contador de histórias através de cada pincelada e cinzelada. Este episódio oferece um olhar íntimo sobre a vida e a obra de um homem que, desde cedo, sentiu a arte correr-lhe nas veias.

Desde a sua infância, Marcos demonstrou uma profunda ligação ao desenho e à pintura. Uma paixão que se intensificou na adolescência, marcando o início de uma carreira dedicada à expressão artística. Aos quinze anos, já expunha as suas criações, um feito notável que prenunciava a singularidade do seu percurso. A sua formação, embora não seguindo os caminhos académicos convencionais, foi forjada na prática e na absorção do saber dos verdadeiros mestres. A descoberta de um curso de pintura de painéis de azulejos em Caldas da Rainha, em 1990, foi um ponto de viragem crucial. Aqui, teve o privilégio de trabalhar lado a lado com os "velhinhos mestres" da cerâmica, figuras que, com a sua humildade e talento genial, lhe transmitiram os segredos e as nuances de uma arte milenar. Esta aprendizagem prosseguiu na Cerâmica Aleluia, em Aveiro, sob a tutela do Mestre João Pinto Calisto, que partilhou consigo, inclusive, as fórmulas e procedimentos para recriar o tom de azul único que hoje distingue os azulejos da estação de Aveiro.

Marcos Muge define-se como um "eterno ignorante", uma declaração que, longe de ser uma limitação, reflete a sua incessante sede de conhecimento e a convicção de que a arte é uma aprendizagem contínua. Ele acredita que o talento inato é apenas o ponto de partida; o verdadeiro artista é aquele que se dedica a desenvolvê-lo, absorvendo cada detalhe técnico e cada segredo do ofício. Esta abordagem permitiu-lhe dominar diversas técnicas, desde a aguarela e a pintura a óleo até à escultura em madeira com motosserra, uma ferramenta que, nas suas mãos, se transforma num instrumento de delicadeza e precisão.

O ponto alto deste episódio é a exploração das suas aclamadas "Mãos Divinas", uma obra que transcende a arte para se tornar um símbolo de fé e resiliência. Esculpidas em cedros que sucumbiram a um temporal junto à Igreja Matriz de Ovar, estas esculturas nasceram de uma visão, mesmo sem qualquer experiência prévia de Marcos com motosserra. A história da sua criação, a determinação em preservar a beleza na adversidade e, mais tarde, o reconhecimento e a bênção papal, conferem a esta obra um caráter quase mítico. É o primeiro e único monumento deste tipo em Portugal, um testemunho da originalidade e do impacto da sua arte.

Para além das "Mãos Divinas", o episódio aborda outras facetas da sua obra, incluindo a sua profunda ligação à figura de Luís de Camões, presente em diversos painéis de azulejos e esboços modernos que reinterpretam a iconografia clássica. A sua colaboração com outros artistas, a sua perspetiva sobre a conservação e restauro do património, e a sua visão sobre a importância da arte na sociedade, são temas que enriquecem este retrato de um artista singular. Apesar dos desafios e da burocracia que muitas vezes impedem a concretização de projetos artísticos em Portugal, Marcos Muge mantém-se firme nos seus ideais, defendendo que a arte deve provocar emoção e deixar uma memória duradoura para as gerações futuras.

Convidamo-lo a assistir a este episódio de Portugal á Vista para descobrir a força criativa de Marcos Rui Muge, um artista que, com humildade e genialidade, continua a esculpir e a pintar a alma de Portugal. Prepare-se para uma experiência inspiradora que celebra a arte, a cultura e a perseverança.

The artistic journey of Marcos Rui Muge is a fascinating invitation to explore the essence of the Portuguese soul, a path that Portugal á Vista is delighted to unveil in this exciting episode of its sixth season (S06E26). Born in Ovar in 1968, Marcos Muge is more than just an artist; he is a guardian of traditions, an innovator by nature, and a storyteller through every brushstroke and chisel mark. This episode offers an intimate look into the life and work of a man who, from an early age, felt art running through his veins.

From his childhood, Marcos demonstrated a deep connection to drawing and painting. A passion that intensified in adolescence, marking the beginning of a career dedicated to artistic expression. By the age of fifteen, he was already exhibiting his creations, a remarkable achievement that foreshadowed the uniqueness of his journey. His training, though not following conventional academic paths, was forged in practice and by absorbing the knowledge of true masters. The discovery of a tile panel painting course in Caldas da Rainha in 1990 was a crucial turning point. Here, he had the privilege of working alongside the "old masters" of ceramics, figures who, with their humility and genial talent, passed on the secrets and nuances of an ancient art. This learning continued at Cerâmica Aleluia, in Aveiro, under the tutelage of Master João Pinto Calisto, who even shared with him the formulas and procedures to recreate the unique blue tone that now distinguishes the tiles at Aveiro station.

Marcos Muge defines himself as an "eternal ignorant," a declaration that, far from being a limitation, reflects his incessant thirst for knowledge and the conviction that art is a continuous learning process. He believes that innate talent is merely the starting point; the true artist is one who dedicates himself to developing it, absorbing every technical detail and every secret of the craft. This approach has allowed him to master various techniques, from watercolor and oil painting to chainsaw sculpture, a tool that, in his hands, transforms into an instrument of delicacy and precision.

The highlight of this episode is the exploration of his acclaimed "Divine Hands," a work that transcends art to become a symbol of faith and resilience. Sculpted from cedars that succumbed to a storm near the Mother Church of Ovar, these sculptures were born from a vision, even without Marcos's prior chainsaw experience. The story of their creation, his determination to preserve beauty in adversity, and later, the recognition and papal blessing, give this work an almost mythical character. It is the first and only monument of its kind in Portugal, a testament to the originality and impact of his art.

In addition to the "Divine Hands," the episode addresses other facets of his work, including his profound connection to the figure of Luís de Camões, present in various tile panels and modern sketches that reinterpret classical iconography. His collaboration with other artists, his perspective on the conservation and restoration of heritage, and his vision on the importance of art in society are themes that enrich this portrait of a singular artist. Despite the challenges and bureaucracy that often hinder the realization of artistic projects in Portugal, Marcos Muge remains firm in his ideals, advocating that art should provoke emotion and leave a lasting memory for future generations.

We invite you to watch this episode of Portugal á Vista to discover the creative force of Marcos Rui Muge, an artist who, with humility and genius, continues to sculpt and paint the soul of Portugal. Prepare for an inspiring experience that celebrates art, culture, and perseverance.